Minha Crítica ao Izakaya Toyo

O Izakaya Toyo - lendário izakaya em Osaka, Japão - se tornou icônico após sair na série Chefs Table - versão comida de rua - na Netflix. Naturalmente, o episódio o transformou, longas filas se criaram e o comensal que lute para comer em pé em um lugar cuja lógica era ser popular e acessível.

4/6/20251 min read

O Izakaya Toyo - lendário izakaya em Osaka, Japão - se tornou icônico após sair na série Chefs Table - versão comida de rua - na Netflix. Naturalmente, o episódio o transformou, longas filas se criaram e o comensal que lute para comer em pé em um lugar cuja lógica era ser popular e acessível.

Jay Fai, na Tailândia, sobre quem já escrevi neste perfil, é um exemplo de comida de rua de verdade: com sabor, com técnica, com verdade. Aqui, o clima “street food” é apenas um bom pretexto para uma comida desleixada.

O prato de atum com ikurá evidentemente tem bons ingredientes, mas o peixe chega semi-congelado à mesa e acaba tendo sua textura e aromas prejudicados. Já o hossomaki tem finalização apressada, cortes muito irregulares (o que altera a percepção do peixe em boca) e má proporção arroz-peixe.

Nem tudo foi um erro: a enguia era deliciosa, desmanchava em boca e o molho denso e caramelizado não fazia lembrar o tempero pronto das enguias que chegam ao Brasil. Isso já seria o suficiente: produto simples, bem cuidado, ótimo em um contexto de informalidade.

Já o signature dish - o atum selado no maçarico - com cebolinha e molho representa o quanto esse Izakaya é apenas um engodo: pirotecnia, muitos vídeos, mas no prato, o resultado é pífio: o uso do maçarico faz com que o atum cozinhe de forma tosca: alguns pontos amargam de tão torrados, outros estão mal cozidos. O molho é um nada e a cebolinha está mal cortada. Sobra um retrogosto de butano típica do maçarico e o peixe desaparece.

O Izakaya Toyo é, acima de tudo, uma experiência de marketing bem-sucedido. O carisma do chef, o uso do maçarico como espetáculo e a atmosfera informal vendem a ideia de autenticidade e “comida de rua raiz”, apesar dos preços elevados. Mas quando se tira o filtro do Instagram e se senta, o que resta é um sushi tecnicamente medíocre, cortes mal feitos, ingredientes tratados com pouca técnica e um contexto de despreocupação completa com a comida. O Toyo prova que storytelling barato não é exclusividade de restaurante chique. Há storytelling vazio também em comida de rua. O Toyo é, infelizmente, um caso assim.

Nota: 3/10 - ruim
Preço: 550 reais.