Minha crítica ao DUQ - Curitiba
O velho e bom Drummond disse certa vez que o cofre do banco contém apenas dinheiro. Frustra-se quem pensar que lá encontrará riqueza.
O velho e bom Drummond disse certa vez que o cofre do banco contém apenas dinheiro. Frustra-se quem pensar que lá encontrará riqueza.
O DUQ é o novo restaurante sensação de Curitiba, construído com investimento milionário, projeto arquitetônico ousado, climatização moderna com piso que aquece no inverno e uma adega soberba de mais de 400 rótulos, entre espumantes britânicos e tintos bolivianos, além dos clássicos franceses. Invejável até para padrões europeus.
Um lugar como esse, evidentemente, será caro. Entradas que vão de 45 reais em uma porção de coxinha com catupiry (?!) até 150 em uma rã à provençal. Os principais começam em 145 e vão até 252 reais em um camarão com risoto (!?).
Sempre tive para mim que um restaurante deve ser avaliado na medida da sua própria pretensão. E o DUQ é pretensioso. Nasceu com o fito de ser o melhor restaurante de Curitiba. Será que consegue?
Salvo o drink, que era ótimo, a comida do DUQ é covardemente subtemperada. De entrada, um croquete de pato que, embora bem frito, tem pouco ou nenhum gosto de pato. De principal, um arroz de polvo feito em caldo completamente diluído, magro, raquítico, sem qualquer potência ou corpo. Mais uma vez, a falta de sal reflete certa covardia da mão que tempera. Se é para errar, preferem que seja para menos. Um lugar que tem medo do público que o frequenta terá sempre uma manifesta inclinação para o insosso.
No steak tartare, a carne é cortada em pedaços mínimos, quase como se fosse moída no moedor.
Errado. Clientes com algum critério querem ser estimulados não só pelo sabor, mas também pela mordida. Com seus cubos microscópicos, o DUQ trata os clientes tal qual crianças, como se quisessem algo próximo a uma papinha de carne, sem textura. No aroma, a predominância de ketchup reforça a pouca maturidade do prato.
Isso sem falar de outras opções do cardápio que sequer merecem menção e que existem ali apenas para agradar certa elite curitibana despreparada. De que adianta ter milhões para gastar em uma adega retumbante e continuar escravo do mau gosto de um cliente deseducado? Qual o custo de educar o público?
Sobra dinheiro, mas falta riqueza ao DUQ.
Nota: 1 (comida mediana)